Bem-vindo à Educação 2.0

Adeus, “Um Mais Um”: Bem-vindos à Revolução da Aprendizagem!

Sabe aquela imagem da sala de aula tradicional?

Professor na frente, aluno copiando, e a repetição como mantra?

Esqueça! Crescemos ouvindo que “aprendizado” era uma via de mão única: quem sabe (o professor) ensina quem não sabe (o aluno) e quem não sabe? aprende com quem sabe, não é mesmo? Será?

Pink Floyd. Another Brick in the Wall (Part 2). [S. l.]: Pink Floyd, 2016.

A palavra aluno tem sua origem no latim alumnus, que significa literalmente “afilhado”. Ela deriva do verbo latino alere, que significa “alimentar” ou “nutrir”. Desse modo, a ideia original do termo remete a quem está sendo nutrido ou criado através do conhecimento.

É fascinante notar como essa origem contrasta com a interpretação popular equivocada de “aquele sem luz”. Na verdade, a etimologia nos presenteia com uma imagem poética do aluno como um ser em desenvolvimento que, com o auxílio do professor, recebe o “alimento da alma e da mente” sob a forma de informação e orientação.

O clipe “Another Brick in the Wall” do Pink Floyd mostra bem esse cenário mecanicista, reducionista, que aliena e rouba a individualidade, em que a tradução significa “outro tijolo na parede”, evidenciando todos os aspectos sociocognitivos de um sistema educacional que já não atende mais às exigências de inovação e tecnologia da sociedade contemporânea.

Décadas e mais décadas de reprodução intelectual foram o bastante para nos forçar a repensar o rumo da educação, e em especial, a brasileira. A questão é: décadas depois, ainda estamos apenas trocando o “tijolo” de lugar, ou conseguimos de fato demolir as paredes que impedem uma aprendizagem verdadeiramente inovadora e alinhada à sociedade digital?

A Educação Aberta virou esse jogo de cabeça para baixo. Ela chegou para chacoalhar tudo e mostrar que aprender é uma dança coletiva, conectada e colaborativa. Pense em um hipertexto, um remix, um reúso. Termos que parecem novidade, mas que, na realidade, são ideias antigas com uma roupagem totalmente nova para o nosso presente.

Fonte: criado por IA – ChatGPT. Under licence CC BY-NC-ND 4.0 Gondim, Martaneres.

No contexto educacional, o modelo fluido de troca e criação de conhecimento tem ganhado força. Além de possibilitar novas formas de projetar o conhecimento, criou novos espaços para as mais novas formas de aprender, dinamizando as relações na era digital. O foco é nos processos colaborativos, no uso das tecnologias e ferramentas, nos espaços de aprendizagem e nas novas formas de aprender.

No passado a morosidade era a regra: ir à loja física, gastar com transporte, horas no trânsito, enfrentar multidões no final do ano, Natal e Ano Novo, e, quando chegava a sua vez, havia a possibilidade de o produto esgotar a numeração e você, por conta desse desgaste todo, acabava cedendo à pressão e levava algo similar, simplesmente na tentativa de resolver o problema. Hoje, a agilidade, praticidade e facilidade são coisas corriqueiras que você resolve apenas com um toque na tela, a qualquer hora do dia ou da madrugada!

Na era da informação, a forma como interagimos, consumimos e aprendemos com o mundo mudou. Ficou mais acentuada a importância da internet e dos dispositivos móveis durante a época da pandemia, um marco, em que muitas instituições de ensino foram obrigadas a repensar a educação e, assim, diluir as barreiras de acesso.

Isso foi importante para a vida acadêmica e a produção científica, pois uma pessoa do outro lado do mundo poderia debater sobre as medidas de contenção da doença aqui no Brasil e vice-versa. O mesmo ocorreu na época da disseminação do Zika vírus.

A cultura digital pode ser compreendida como aquela com novas mídias, multidirecional, com alta interatividade, enredada, horizontalizada e distribuída, hipertextual e digital. Com ela surge a necessidade de adaptação a essa nova forma de navegar pelo mar de informações virtuais, que exige uma fonte infinita de atualizações.

Todas as mídias existentes são traduzidas em dados numéricos acessíveis pelo computador… gráficos, imagens em movimento, sons, figuras, espaços e textos tornam-se computáveis. Em resumo, as mídias tornam-se novas mídias.
Lev Manovich

O trecho mencionado acima complementa nosso conhecimento anterior sobre educação aberta, software livre e proprietário e o princípio da aprendizagem mais participativa. No entanto, surge uma reflexão: O que poderemos fazer com a informação quando ela circula e de alguma forma chega até nós? Ou como poderemos usar essa informação levando em consideração a prevenção do plágio e da apropriação indevida de conhecimento alheio.

As portas se abriram de vez no campo educacional graças ao hipertexto, remix e reúso. A linha que separava autor e leitor, antes tão nítida, agora é fluida. As pessoas querem criar, compartilhar, expressar! É uma verdadeira revolução na cultura e na arte.

Fonte: imagem gerada por IA – ChatGPT. Under licence CC BY-NC-ND 4.0 Gondim, Martaneres.

Você já leu “O Castelo dos Destinos Cruzados“, do Italo Calvino? é um livro em que personagens reúnem-se em um castelo ou taverna e, impossibilitadas de falar, utilizam as cartas de um baralho de tarô para narrar suas múltiplas e enigmáticas histórias. Através da interpretação dessas figuras, o narrador explora a aleatoriedade do mundo, a multiplicidade dos destinos e o jogo combinatório de significados e existências, permitindo diversas leituras para as mesmas cartas. Percebeu como o hipertexto, que a gente tanto liga ao digital, já estava lá, narrando uma história medieval? Essa estrutura se conecta diretamente ao conceito de hipertexto, onde a narrativa não é linear, mas se ramifica em diversas possibilidades e interpretações interligadas, permitindo ao leitor navegar por diferentes caminhos de sentido a partir de um mesmo conjunto de elementos. É a prova de que nada se cria, tudo se transforma, como diria Lavoisier.

Pense nos DJs jamaicanos dos anos 60, que “recriavam” músicas, dando novas significações a algo que já existia. Isso é remix puro! É a resposta ao nosso jeito de viver e interagir: pegar algo, desconstruir, reescrever e criar algo novo – nem melhor, nem pior, apenas diferente e cheio de propósito. É a máxima do reaproveitamento, adaptação e inovação em ação.

E o reúso? Ele é a base de tudo isso. No meu grupo de mensagens, temos planos de aula prontos e editáveis, alinhados à BNCC. Um professor pode pegar um desses planos, adaptá-lo para sua turma, adicionar um vídeo, remover elementos. E isso não é plágio. É a inteligência da adaptação, do atendimento às necessidades reais dos alunos. É a potência do reúso, que impulsiona o remix e transforma a educação de verdade.

Não é fascinante como o passado e o presente se misturam e se reinventam na forma de aprender?

Acredito que essas mudanças são mais que “derrubar tijolos”; estamos, na verdade, redefinindo o próprio canteiro de obras do conhecimento. Essas transformações representam um caminho irreversível e, em sua maioria, muito positivo para a educação. Com apenas um clique, trocamos informações com centros de pesquisa no mundo todo, dentro e fora do Brasil. A quebra das barreiras de acesso à informação é um dos maiores legados da cultura digital, permitindo que o conhecimento esteja em rede, disponível instantaneamente, sem as demoras de outrora.

A conectividade global não apenas acelera o acesso, mas também transforma a dinâmica de construção do saber. Não somos mais apenas consumidores passivos; somos participantes ativos, ou seja, também somos cocriadores. É uma revolução que nos impulsiona a pensar e agir de forma mais colaborativa e adaptável, essenciais para os desafios do nosso tempo em busca de uma cultura da inclusão digital mais equitativa.

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